Operação contra facção criminosa no Rio, deixa mais de 120 m0rt0s

Cerca de 60 corpos foram localizados e retirados de uma área de mata do Complexo da Penha por moradores, após a Operação Contenção realizada pelas forças de segurança do estado, nessa terça-feira (28/10). Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, no centro da comunidade, e de acordo com os moradores, não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos – 60 suspeitos e 4 policiais. A Polícia Militar foi procurada, mas ainda não se pronunciou.

A pedido dos familiares, os corpos foram expostos para registro da imprensa e, depois, foram cobertos com lençóis. A comunidade aguarda a retirada dos corpos pelo Instituto Médico-Legal.

Se eles realmente estiverem fora das 64 vítimas contabilizadas ontem, o número total de mortos da operação mais letal já realizada pelas forças de segurança do Rio, pode chegar a 128. Durante a noite, mais seis corpos encontrados em área de mata no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas.

O Corpo de Bombeiros já começou a retirar os corpos no Complexo da Penha. Ainda há incerteza sobre o número total de mortos na ação, que está sendo considerada pelo governo do estado como “a maior operação da história do Rio de Janeiro”. A contagem oficial na terça-feira foi de 64 óbitos, sendo 60 suspeitos e 4 policiais. Isso já caracteriza a ação como a mais letal. 

No entanto, seis corpos encontrados por moradores no Complexo do Alemão foram levados para o Hospital Getúlio Vargas durante a noite, além dos 60 localizados na Penha durante a madrugada e manhã de hoje. Caso não haja duplicidade, a conta pode chegar a 130 mortos.

Operação nas favelas

Moradores do Rio de Janeiro viveram momentos de pânico e medo na terça-feira (28/10) diante da operação policial nos Complexos da Penha e do Alemão. Milhares enfrentaram dificuldades para conseguir chegar em casa devido aos bloqueios das vias da cidade, além de terem de fugir dos tiroteios.

Especialistas ouvidos pela reportagem criticaram a ação que gerou um grande impacto na capital fluminense e não atingiu o objetivo de conter o crime organizado. Para a professora do Departamento de Segurança Pública da Universidade Federal Fluminense (UFF), Jacqueline Muniz, a operação foi amadora e uma “lambança político-operacional”.

Movimentos populares e de favelas também condenaram as ações policiais e afirmaram que “segurança não se faz com sangue”. 

O governador do Rio de Janeiro, Claudio Castro, defendeu as ações da polícia afirmando que se for necessário vai exceder os limites e as competências do governo estadual para manter “a nossa missão de servir e proteger nosso povo”. Ele cobrou mais apoio do governo federal. Na noite desta terça, ele solicitou a transferência de 10 detentos presos em penitenciárias do Rio para presídios federais. 

O ministro da Justiça e da Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou ontem, em coletiva à imprensa, que não recebeu pedido do governador para apoio à megaoperação. 

Amazonenses foragidos mortos em favelas do Rio

Entre os mortos na megaoperação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, deflagrada nesta terça-feira (28/10), estão supostos integrantes de facções criminosas do Amazonas que atuavam em conjunto com o Comando Vermelho (CV) nos complexos da Penha e do Alemão, na zona Norte do Rio.

De acordo com um levantamento da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio, 21 criminosos foragidos do Amazonas estariam abrigados em grandes complexos de favelas cariocas. Nas redes sociais, circulam nomes de supostos traficantes do estado que estariam entre os mortos, identificados apenas por apelidos: “Cabeça”, “Lukinhas”, “Gringo”, “Ademar”, “Soldado”, “Neném”, “Alê”, “Chico Rato”, “Macaco”, “Dimas” e “Miler”.

A informação foi publicada pelo jornal Extra, que teve acesso aos dados como parte da série especial Conexões do Crime. O levantamento identificou 152 traficantes de outros estados atuando no Rio, com maior presença do Pará (78) e da Bahia (18), além do Amazonas.