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Bolsonaro e Anderson Torres planejaram prender Lula no início de 2024, diz áudios recuperados pela PF

Conversas recuperadas pela Polícia Federal em um aparelho celular, mostram que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) planejava a prisão do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT) logo no início de 2024. A ideia era vencer as eleições e abrir um inquérito na PF e que acarretaria num pedido de prisão do petista, cumprido imediatamente no início do ano.

A coluna do jornalista Daniel Cesar do IG, recebeu trechos das conversas entre Bolsonaro e Anderson Torres, então ministro da Justiça, que indicavam um plano para prender Lula. “O Bolsonaro queria que a PF investigasse o Lula e pedisse a prisão preventiva”, diz a fonte que enviou trecho dos diálogos. Segundo a mesma fonte, Torres seria o responsável por “encontrar um juiz que topasse assinar a prisão”.

Isso porque, na visão deles, como Lula seria derrotado, ele não teria imunidade e nem poderia ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e, por isso, um juiz de primeira instância poderia assinar o pedido de prisão. “A articulação estava adiantada até o final de setembro. A operação seria deflagrada uma semana após a eleição, caso Bolsonaro tivesse sido reeleito”.

Nos trechos em que a coluna teve acesso, no entanto, não é possível saber qual seria a denúncia ou mesmo se o caso seria de perseguição, mas os indícios são de que Bolsonaro pretendia levar seu maior adversário à prisão, independente de qual seria a acusação ou o suposto crime. Nos corredores da política, fala-se que seria uma prisão política.

O plano passou a entrar água no primeiro turno. Quando o Lula terminou à frente de Bolsonaro, membros da PF recuaram do plano ao perceber que o petista poderia vencer as eleições. “Ninguém acreditava nas pesquisas, mas as urnas mostraram algo diferente, aí todo mundo assustou”, revelou a fonte. Torres não conseguiu mais delegados para apoiarem a operação até que o segundo turno terminasse.

A fonte do ministério da Justiça de Bolsonaro ouvida pela coluna confirmou que, entre o primeiro e o segundo turno, houve recuo. “Mudaram de ideia e investiram em operações no segundo turno para impedir as pessoas de votarem”, afirmou se referindo às blitz que já viraram alvo de investigação também. “Se Lula perdesse, ele estaria preso hoje”, concluiu.