O vereador Roberto Sabino (Republicanos), afirmou durante um discurso na Câmara Municipal de Manaus (CMM), pessoas diagnosticadas com transtornos mentais estariam “sob domínio do sobrenatural” e precisariam ser evangelizadas para “serem livres” e “amar o próximo”.
“Nós não queremos misturar, mas faz parte da nossa vida, esse lado espiritual. Nós podemos observar naquele vídeo: aquela pessoa que empurrou aquela senhora é escrava desse lado do mundo sobrenatural. […] Sei que aqui não estamos no local adequado, mas me traz a visão de que o poder público tem que investir nas denominações, seja ela qual seja, mas que esteja disposta a fazer um trabalho para ganhar essas pessoas e levar, digamos, o evangelho”, afirmou o vereador.
O comentário do vereador foi em cima do caso do homem que empurrou uma idosa na frente do ônibus, que fez com a mulher viesse a óbito atropelada pelo coletivo em Manaus.
O vídeo do momento em que o homem empurra a senhora, foi reproduzido na Casa Legislativa Municipal.
Roberto Sabino chamou atenção para o lado espiritual do debate e afirmou que o vídeo mostra uma pessoa que, de acordo com ele, seria uma ‘escrava do mundo sobrenatural’, como se o homem estivesse possuído.
Sabino ainda afirmou que o poder público deve auxiliar o “trabalho de evangelização” para pessoas que apresentam esse tipo de quadro, deixando de lado a ciência e focando no lado sobrenatural.
“Sabemos que aquela pessoa que empurrou aquela senhora, porque está – digamos – ‘dominada pelo sobrenatural’ e que faz só o mal, ela está só para fazer o mal. Precisamos discutir esse assunto de forma ampla para que o poder público, tanto o governo e prefeitura, também enxergue quem está fazendo esse trabalho de evangelização, de pregar para que aquela pessoa seja livre e venha a amar o seu próximo”, disse o vereador.
Psicólogos não gostaram muito da fala do vereador e afirmaram que o parlamentar parece viver na idade média, onde tudo era levado para o lado sobrenatural das coisas.
“Isso já foi derrubado há muitas, muitas e muitas décadas, que é essa associação, associar o transtorno mental à questão de possessão, de coisas sobrenaturais, que isso está possuído, que isso é coisa do diabo, essa coisa toda. Então, isso pode aumentar muito mais essa questão de discriminação e de isolamento que essas pessoas muitas vezes já enfrentam por inúmeras ignorâncias […]. Uma fala vindo dessa de uma pessoa que tem justamente que trabalhar um processo que é inverso, não trabalhar e se pautar de cima de conceitos completamente ultrapassados”, disse a psicóloga Katherine Benevides, que repudiou os comentários do vereador Roberto Sabino e apontou que o posicionamento dele, quanto agente público, é preocupante.
“Um político dizendo isso, dependendo do grau de conhecimento que as pessoas tenham, essas ideias podem alterar a percepção pública sobre transtornos mentais. Acho essa fala muito preocupante, precisa ter desmitificada e derrubada! Vai dificultar mais ainda a aceitação das pessoas de que elas precisam de ajuda profissional”, compeltou a psicóloga.