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Mães e pais pedem justiça por seus filhos e denunciam Hapvida por negligência médica em Manaus

Os familiares das vítimas buscam por justiça e lutam para que casos semelhantes não aconteçam

Uma comissão de pais e mães que alegam e denunciam sucessivos atos de negligência médica por parte da rede de saúde Hapvida, em diferentes unidades de Manaus, foram recebidos nessa quinta-feira (13), na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Dentre os relatos, estão ao menos seis mortes, principalmente de crianças. Os familiares das vítimas buscam por justiça e lutam para que casos semelhantes não aconteçam.

O ‘caso Agathah Valentina’ foi contado pela mãe Lara Tavares, de 29 anos. A bebê nasceu no antigo hospital da Hapvida, no Adrianópolis, com 28 semanas, no dia 18 de maio de 2015 e faleceu dia 20 de maio do mesmo ano. Há 8 anos, Lara convive com a dor de nem ao menos ter conseguido carregar sua filha no colo. Ela conta que a menina sofreu uma parada cardiorrespiratória após o médico interromper uma medicação.

“Minha filha, no dia que morreu, fez exame de coração, fez exame de pulmão, ela estava estável, os órgãos dela estavam todos formados e perfeitos. O médico disse que ela faleceu porque tiraram a medicação dela e, neste momento, ela teve uma parada cardíaca. E ele me confessou isso, na minha cara. Eu não cheguei a segurar minha filha viva, nos meus braços, e quando eu cheguei na UTI que os equipamentos já estavam todos desligados, e comecei a chorar, o médico ainda teve coragem de falar: pra quê isso?. Como se a minha dor não estivesse valendo nada. A dor até hoje é a mesma. Eu reluto a falar sobre a morte da minha filha, pois dói muito. Esses pais que estão aqui são fortes. O processo ainda está rolando, mas nunca tive uma palavra, um pedido de desculpa”, contou.

‘Caso Agathah Valentina’

O ‘caso Théo Barros’ é outro que chamou atenção. Com 2 anos, ele foi internado no hospital Hapvida Cachoeirinha/ Rio Amazonas, no dia 10 junho de 2021, com febre e cansaço. A mãe, Roseane Barros, de 39 anos, conta que, na emergência, decidiram pela intubação. Em seguida, ele foi transferido para a UTI, ficando intubado por 19 dias, quando foi orientado e realizado uma traqueostomia. Dois dias depois, porém, por descuido de manuseio na UTI, o garoto sofreu decanulação por duas vezes, e precisou passar pelo centro cirúrgico quatro vezes para realizar acessos centrais, deixando cicatrizes na região da subclávia. Após isto, Roseane relata que o menino teve uma piora considerável, e passou por uma situação catastrófica: ficou sem oxigênio, agonizou, e teve sequelas. Desde lá, vive em estado comatoso.

“A fisioterapeuta, responsável pela máquina de ventilação, desligou a máquina dele e o colocou num cateter de oxigênio. Ele fadigou, cansou, e ficou sem oxigênio e ninguém que estava no plantão naquele momento se atentou que ele estava passando mal, agonizando. Ele foi encontrado horas depois. O Theo se encontra em estado comatoso desde aquele dia 18 de julho, e não acordou. Ele é vítima de negligência médica e hospitalar como um todo, onde sua vida e de sua família foi interrompida. Tiraram o direito dele de crescer e estudar e ter uma vida feliz dentro das limitações que possuía. Hoje, infelizmente, ele se encontra em coma vegetativo respirando por ventilação mecânica 24 horas, sem qualquer previsão ou diagnóstico de melhora ou de despertar”, contou Roseane.

Os pais receberam a promessa após a reunião de que os casos serão levados ao Ministério Público do Amazonas e a justiça.

‘Caso Théo Barros’