Profissionais de saúde que atendem nos Centros de Atenção Integral à Saúde da Criança (Caics) e Centros de Atenção Integral à Melhor Idade (Caimis), realizaram uma denúncia ao Sindicato dos Médicos do Amazonas (Simeam), informando que não estão recebendo seus pagamentos. A denúncia foi feita por uma médica que não quis se identificar com medo de sofrer represálias.
De acordo com a profissional que faz parte de uma sociedade de especialidade médica contratada para atender num dos Caimis de responsabilidade do governo do Amazonas, devido a pandemia da Covid-19, o contrato da empresa foi suspenso e o atendimento na unidade onde trabalhava também. “Como somos prestadores de serviço, nosso contrato foi suspenso, e com isso, estamos sem receber”, disse a denunciante.
Segundo informações que chegaram até o sindicato, o governo continua efetuando os pagamentos em dias, valores que chegam a R$ 13 mil reais e que supostamente estariam sendo repassados a médicos. De acordo com a profissional que faz a denúncia, esses valores nunca chegaram em sua conta. “Se o governo continua fazendo esse pagamento, não sei quem tá recebendo, porque na minha conta não entrou nada desde que me informaram que o contrato foi suspenso”, afirmou.
Os serviços dos Caics e dos Caimis foram suspensos no dia 24 de março, deste ano. Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (Ses-AM) informou que os Caimis e Caics da capital permanecem fechados, pois estão passando por uma reestruturação física e de serviços.
Uma servidora que trabalha em um Caic disse que o fechamento dessas unidades sobrecarrega ainda mais o sistema de saúde da capital. “O município não querendo se comprometer e não querendo dizer que tá assoberbado, disse que essas unidades não afetam na demanda das UBS (Unidades Básicas de Saúde), afeta sim”, afirmou.
Ela explicou ainda o funcionamento do quadro clínico dos profissionais da unidade onde trabalha. “No meu Caic os médicos são de cooperativa. E até onde sei os contratos estão suspensos, e os médicos concursados foram relocados. Alguns agentes continuam trabalhando (a minoria), foram relocados em meados de maio e junho. A equipe de enfermagem, praticamente, toda relocada em hospitais, desde o início da pandemia” esclareceu a servidora.
O Sindicato dos Médicos informou que vai acionar a assessoria jurídica da entidade para apurar as denúncias e encaminhar os relatos para os órgãos de fiscalização e controle. “Isso é gravíssimo, não podemos admitir que a medicina e seus profissionais sejam usados como testa de ferro para que o governo continue fazendo farra com o dinheiro público. Enquanto isso trabalhadores ficam sem receber nenhuma ajuda financeira, além de toda uma classe que se dedica em salvar vidas ser manchada e acusada de receber recursos que foram repassados aos que de fato doam suas vidas”, avaliou o presidente do Simeam, Mario Vianna.